O governador José Serra assinou no início da tarde desta quinta-feira, 30, um protocolo entre São Paulo e Rio de Janeiro para estudar a viabilidade para implantação de um trem de alta velocidade entre as capitais dos dois Estados. O documento foi assinado em cerimônia no Salão dos Despachos, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, participou do evento e também assinou o termo.
- Projeto Polêmico
A lentidão com que a proposta avançou entre os corredores de Brasília não a isentou de várias polêmicas. A primeira foi a escolha da empresa italiana de engenharia Italplan para desenvolver a modelagem técnica e financeira da linha. Escolhida no início do ano passado, a empresa foi acusada de não possuir a experiência necessária para um projeto desse porte – seu capital social é de apenas 10 milhões de euros. Na época, o governo argumentou que isso não prejudicaria os trabalhos, já que a Italplan não poderá participar da licitação para construir e operar a linha – foi contratada apenas para projetá-la.
Os dois consórcios que concorreram com os italianos eram formados por empresas maiores e mais experientes. O grupo alemão apresentou um projeto de 7,2 bilhões de dólares, com tarifa de 81 dólares para os passageiros. Já a Siemens e a Odebrecht propuseram uma obra de 6,3 bilhões de dólares, com tarifa de 77 dólares. A Italplan apresentou a obra mais cara: 9 bilhões de dólares. A seu favor, pesaram dois fatos. Primeiro, a proposta prevê que todos os recursos para financiar a obra serão privados – nas demais, o aporte e os subsídios públicos chegavam a 80% do valor total. Segundo, foi o projeto com a menor tarifa para o usuário – 60 dólares.
| Quanto Custa o Trem-bala | |
| Item | Custo(US$ milhões) |
| Desapropriações | 300 |
| Via permanente | 6.835 |
| Material rodante | 574 |
| Estações | 400 |
| Sistemas | 210 |
| Equipamento de manutenção | 200 |
| Subtotal | 8.159 |
| Variantes técnicas e custo do projeto | 424 |
| Seguro e custos extraordinários | 85 |
| Total | 9.028 |
O projeto da Italplan foi a base para que a Valec desenvolvesse o projeto executivo e negociasse a licença ambiental com o Ibama. Agora, a Casa Civil determinou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre na discussão, a fim de finalizar o projeto e preparar o edital de concessão. Em paralelo, a Valec espera obter a licença ambiental para a obra até agosto.
Se vingar a idéia de não haver capital público na obra, o trem-bala não será uma Parceria Público-Privada (PPP), bandeira do governo Lula que, até o momento, não decolou. Para garantir que a iniciativa privada banque todo o projeto, o governo vai incluir uma cláusula de "blindagem". "O vencedor terá dois ou três anos para desenvolver um projeto financeiro que nos garanta que ele conseguirá construir a linha por 9 bilhões de dólares e operá-la com a tarifa determinada. Se ele não conseguir, a concessão voltará para o poder público", afirma Neves, da Valec.
Segundo Neves, mesmo sem verbas públicas, o projeto vai atrair investidores interessados. Além dos italianos, o governo foi procurado, nos últimos meses, por consórcios de empresas coreanas, japonesas e espanholas. Além disso, esta seria uma das últimas rotas atraentes no mundo para um trem-bala.
- O que virá
A implantação da linha deve demorar sete anos. Em 2015, quando está prevista para entrar em operação comercial, os trens ligarão a Estação da Luz, em São Paulo, à Estação Central do Brasil, no Rio – um trajeto de 403 quilômetros que deve ser percorrido em 85 minutos, a 285 quilômetros por hora. Grande parte da viagem transcorrerá em túneis, pontes e viadutos, para amenizar o impacto ambiental. Cada trem poderá transportar até 855 passageiros. Haverá saídas a cada 15 minutos.

Estima-se que a demanda inicial pelo novo meio de transporte será de 32 milhões de passageiros por ano. Para se ter uma idéia, o volume representa metade de todas as pessoas que se deslocaram entre as duas cidades no ano passado: 60 milhões pela Nova Dutra; cerca de 3 milhões pela ponte aérea; e 1,3 milhão de passageiros de ônibus.
O projeto inicial não prevê paradas entre as duas cidades, mas é possível que elas sejam incorporadas ao edital de licitação. As principais candidatas são São José dos Campos (SP) e Resende (RJ). Por trás do debate, estão grupos interessados em explorar a potencial valorização imobiliária das cidades. Além disso, vender trechos do trajeto também seria um modo para o titular da concessão aumentar a rentabilidade da linha.
Para Zaniboni, da ADTrem, a nova via atrairá sobretudo quem se desloca hoje de avião ou automóvel. Frente ao avião, o trem seria uma boa alternativa por poupar o tempo do usuário. "A pessoa não precisará chegar com horas de antecedência para fazer check in, ou se deslocar até um ponto afastado da cidade para embarcar", afirma. Além disso, a tarifa será competitiva com a do setor aéreo. "Historicamente, o trem-bala sempre acompanha a tarifa mais econômica dos aviões que percorrem o mesmo trecho". Já em relação ao automóvel, as vantagens são mais óbvias: economia de tempo e conforto.
Seja no governo, seja na iniciativa privada, a avaliação geral é de que nunca houve um momento tão propício quanto o atual para tirar o trem-bala do papel. "Não vamos gastar um tostão na obra. Por que não tentar?", pergunta Neves, da Valec. "A demanda por transporte sempre cresce mais que o PIB. É preciso ter outra opção", afirma Zaniboni, da ADTrem. Resta saber se, desta vez, as ações do governo andarão tão rápido quanto as suas declarações.
Fonte: REVISTA EXAMEVeja alguns vídeos, pra você ir se "acostumando" caso um dia essa idéia saia do papel
Governador de SP assina protocolo sobre trem bala SP-RJ






























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